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ENTREVISTA COM ALBERTO MORENO, FUNDADOR DA BANDA MUSEO ROSENBACH

  • MARCIO SÁAlberto, como foi seu primeiro contato com a música? Quais bandas, músicos ou movimentos artísticos lhe influenciaram?
    ALBERTO MORENO – Meu primeiro contato com a música foi ouvindo jazz, em particular Dave Brubeck e Louis Armstrong. Meu pai era apaixonado pelo gênero e eu, ouvindo, fiquei impressionado com as capas dos discos que vieram dos Estados Unidos. Então, começando a ter aulas de piano, conheci Chopin, Beethoven e música clássica em geral. Passei anos ouvindo sinfonias, concertos para piano e orquestra. No início dos anos 60, conheci minha primeira verdadeira paixão musical: a música cinematográfica. Adorei as trilhas sonoras de filmes como “Exodus” “West side story” “Per un pugno di dollari” e amei tanto Ennio Morricone . Quando entramos na era do beat, tudo mudou. Eu imediatamente me tornei fã dos Beatles, dos quais acompanhei todas as suas produções e dos Kinks. Em geral, eu ouvia principalmente música inglesa até conhecer Bob Dylan, Ray Charles e Simon e Garfunkel. Naqueles anos, aprendi a tocar violão e me dediquei ao baixo. Então eu comecei a formar as primeiras bandas. Eramos todos muito jovens e nosso repertório estava limitado a covers das músicas que gostávamos. Um encontro particularmente significativa foi ouvir o álbum “Days of the future passed” dei Moody Blues. Logo depois, Procol Harum chegou e minha formação musical encontrou um sólido ponto de referência: o rock misturado com um sistema de música clássica.
  • MARCIO SÁ – Conte-nos um pouco sobre sua história no mundo da música, os equipamentos que você usou, as bandas e os músicos com quem você tocou.
    ALBERTO MORENO – Toquei em várias bandas de 1967 a 1972. Os nomes e formações mudaram. Eu mesmo troquei o instrumento conforme necessário, alternando com o baixo e o teclado. Havia dois músicos comigo que seguiram todo o meu caminho daqueles anos: Giancarlo Golzi na bateria e Pit Corradi, que iniciou sua carreira musical na guitarra solo. Assim nasceram “The Peanuts”, o “Moonsound”, e “La Quinta Strada”. O repertório era muito vasto: Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Procol Harum, Spencer Davis Group, musicas de rhythm & blues. No final dos anos 60 e início dos anos 70, nossos horizontes musicais se ampliaram e acompanhei a evolução do Pink Floyd, Jethro Tull. Ouvi e toquei Santana, admirava o Genesis, Gentle Giant, Cressida, Black Sabbath.Nos shows, tocamos musicas do Steppenwolf, Iron Butterfly, Vanilla Fudge, etc.Quando toquei baixo, meu instrumento era um Fender Telecaster branco, se eu estivesse no teclado, usava um Farfisa Professional Duo.
    Em 1970, Giancarlo, Pit e eu decidimos tocar nossa música. Por isso, propus alguns temas musicais que ao longo dos meses se tornaram músicas que ainda permaneciam ocultas e não eram mostrada ao público nas nossas apresentações. Quando o Museu Rosenbach nasceu em 1972, elas vieram à luz e se tornaram “Zarathustra”.
  • MARCIO SÁ – A Itália, na década de 1970, era efervescente, tanto politicamente quanto culturalmente e socialmente. Você poderia falar sobre a cena progressiva italiana e como era o relacionamentos entre as bandas naquele período.
    ALBERTO MORENO – A primeira coisa que vem à mente para responder à sua pergunta é que naquela época nenhuma banda se chamava de “Progressivo”. Este termo foi utilizado nos anos seguintes à idade de ouro do Banco, Premiata, Orme e Museo. Pensávamos que éramos uma banda de rock com nuances sinfônicas, graças ao uso do mellotron e das partituras clássicas. Foi um período musical verdadeiramente efervescente, sobretudo pela disponibilidade das gravadoras para fazer as produções do que, na Itália, foram chamados “I Complessi” (Os Complexos). Era a época dos festivais das novas músicas. Eram inmeras bandas e nasceram em todas as regiões italianas. O Museu teve como referência o New Trolls que ouvimos muitas vezes em Sanremo. Fui ver o Banco del Mutuo Soccorso e fiquei impressionado com o cantor e o repertório. O clima político e social era muito turbulento, mas ainda não havia sinais trágicos de terrorismo que começaram em meados dos anos 70. O Museu pagou por essa forte politização e éramos considerados uma banda com simpatias fascistas por causa da capa e do conceito de Zaratustra. Infelizmente, não fomos capazes de revelar nossas intenções ou melhor, nossos esclarecimentos não foram atendidos. A censura da rádio caiu sobre nós e nossos shows foram poluídos por esse preconceito completamente infundado. Ainda hoje sofremos as consequências, especialmente na Itália. Os relacionamentos entre as bandas era uma competição saudável. Os escutávamos cientes de que cada banda seguiu seu próprio caminho. No entanto, devo lembrar que esses festivais geralmente aconteciam em uma atmosfera tensa que às vezes degenerava em violência, como aconteceu em Nápoles no Festival delle Nuove Tendenze de 1973. Esse foi um dos primeiros sinais de que as tensões sociais estavam trazendo nosso país para os “Anni di Piombo”.
  • MARCIO SÁ – Alberto, qual você acha que foi o legado que sua geração deixou?
    ALBERTO MORENO – Minha geração foi a que experimentou a revolução da juventude tanto nos costumes quanto na música. Passei conscientemente por essa era de transformação que, portanto, moldou meu caráter e minhas escolhas de estilo de vida. Foi um período de leveza e otimismo, especialmente no ano 60. Depois a História mudou de direção; o mercado, em seu significado estritamente econômico, impôs a redução criativa às gravadoras. Para sobreviver, muitas bandas limitaram os experimentos buscando um público mais amplo. Eu certamente não os culpo. A profissão do artista deve avaliar seu objetivo. No entanto, o legado da década de 1970 é uma herança indestrutível, um testemunho de uma era de se orgulhar sem cair na mitificação. Na minha opinião, os jovens de hoje devem interpretar o fenômeno progressivo em seu aspecto mais dinâmico, transgressor e explosivo. A música evolui junto com a sociedade, expressa a sociedade. Progressivo não é arqueologia. É uma tensão em direção a novas formas de expressão.

Obrigado pelo seu interesse e lembre-se do nosso site www.museorosenbachprogband.com, onde você pode encontrar inúmeras imagens de nossa história e, no BLOG, insights musicais sobre Zarathustra. Ciao!

Entrevista concedida a MARCIO SÁ do Site Area Prog.

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